Vós sois a Luz do mundo... Ninguém acende uma lâmpada e esconde debaixo de uma vasilha, mas sim em um candeeiro, onde brilhará para todos que estão na casa. Assim também brilhe vossa luz diante dos homens... (Mc 5, 14-16)

domingo, 27 de janeiro de 2013

Homenagem, luto e solidariedade às famílias de Santa Maria-RS


O que deveria representar alegria, festa e descontração, abre espaço a dor, a perda, as lágrimas, os choros, a saudade..., Mas, cai a tarde e vem a noite, a tristeza, o pranto, a dor! De manhã renasce o sol, novo dia, ALEGRIA! Senhor, piedade, vem me socorrer! minha dor e o meu pranto mudaste em prazer; Teu nome para sempre eu irei bendizer!- Salmo 30 (29), que este trecho do salmos possa confortar e dar força às famílias e amigos das vítimas.

"Com minha mãe estarei, na santa glória uma dia, junto com a virgem Maria, no céu triunfarei!"

Ontem morreu um. Morreram dois. Morremos eu e você. Fomos carbonizados pela sede de cédulas. A primeira chama pegou aquele que dançava. A segunda pegou o que sorria. A terceira pegou o que sonhava. A quarta pegou o que amava pela primeira vez. A quinta pegou você. A sexta me pegou. Morremos ontem e renasceremos queimados sabe Deus quando.

(Tiago Nascimento)




‎"Morri em Santa Maria hoje. Quem não morreu? Morri na Rua dos Andradas, 1925. Numa ladeira encrespada de fumaça. A fumaça nunca foi tão negra no Rio Grande do Sul. Nunca uma nuvem foi tão nefasta...Nem as tempestades mais mórbidas e elétricas desejam sua companhia. Seguirá sozinha, página arrancada de um mapa. A fumaça corrompeu o céu para sempre. O azul é cinza, anoitecemos em 27 de janeiro de 2013. As chamas se acalmaram às 5h30 da manhã, mas a morte nunca mais será controlada.
Morri porque tenho uma filha adolescente que sempre demora a voltar para casa.
Morri porque já entrei em uma boate pensando como vou sair daqui em caso de incêndio.
Morri porque prefiro ficar perto do palco para ouvir melhor a banda.
Morri porque já confundi a porta de banheiro com a de saída.
Morri porque jamais o fogo pede desculpas quando passa.
Morri porque já fui de algum jeito todos que morreram.
Morri sufocado de tanta morte. Como acordar de novo?
O prédio não aterrisou da manhã, como um avião desgovernado na pista.
A saída era uma só e o medo vinha de todos os lados.
Os adolescentes não vão acordar na hora do almoço. Não vão se lembrar de nada. Ou entender como se distanciaram de repente do futuro. Mais de duzentos e cinquenta jovens sem o último beijo da mãe, do pai, dos irmãos.
Os telefones ainda tocam no peito das vítimas estendidas no Ginásio Municipal.
As famílias ainda procuram suas crianças. As crianças universitárias estão eternamente no silencioso.
Ninguém tem coragem de atender e avisar o que aconteceu.
As palavras perderam o sentido."
(Fabricio Carpinejar)




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