Meu ideal seria escrever uma história tão engraçada que aquela moça que
está doente naquela casa cinzenta quando lesse minha história no jornal
risse, risse tanto que chegasse a chorar e dissesse: "ai meu Deus, que
história mais engraçada!". E então a contasse para a cozinheira e
telefonasse para duas ou três amigas para contar a história; e todos a
quem ela contasse rissem muito e ficassem alegremente espantados de
vê-la tão alegre. Ah, que minha história fosse como um raio de sol,
irresistivelmente louro, quente, vivo, em sua vida de moça reclusa,
enlutada, doente. Que ela mesma ficasse admirada ouvindo o próprio riso,
e depois repetisse para si própria -- "mas essa história é mesmo muito
engraçada!".
(Rubem Braga)
Texto para Iluminar
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